A sua incursão no formato, tanto como criador quanto como convidado, reflete a sua contínua paixão pela inovação e pelo diálogo. Nos seus últimos anos, Francisco Pinto Balsemão não só testemunhou a evolução dos media, como participou ativamente nela, adotando o formato de podcast com um vigor que desmentia a sua idade. Conforme recordado por Ricardo Costa, Balsemão chegou a apresentar-se, a rir, como “podcaster”, uma autodefinição que encapsula a sua modernidade e capacidade de adaptação.

O seu projeto mais notável foi o podcast “Deixar o Mundo Melhor”, criado para assinalar os 50 anos do Expresso, no qual entrevistou 50 personalidades marcantes, incluindo figuras como Ricardo Araújo Pereira e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, cujos episódios figuram entre os mais ouvidos.

A sua paixão pelo formato estendeu-se à adaptação das suas próprias “Memórias” para um podcast de 24 episódios.

A sua presença como convidado em programas como o “Expresso da Manhã”, onde discutiu o futuro da rádio e o panorama dos podcasts, reforçou a sua imagem de um pensador dos media sempre atento às novas tendências.

As suas entrevistas marcantes no programa “Alta Definição”, revisitadas após a sua morte, tornaram-se documentos preciosos, onde partilhava reflexões sobre a vida, o legado e a inevitabilidade da morte, afirmando: “Penso que [a morte] vai chegar, que é inevitável.

Não vivo apavorado com isso”.

Através destas múltiplas plataformas, Balsemão consolidou a sua posição não apenas como um fundador de impérios mediáticos, mas como um comunicador que compreendeu e utilizou o poder íntimo e reflexivo do podcast para continuar a sua missão de fomentar o diálogo e deixar o mundo melhor.