A entrevista revela a intersecção entre a sua vida e obra, abordando temas como a violência doméstica e a saúde mental.

Na conversa com Bernardo Mendonça, Madalosso explicou que o seu novo livro, publicado em Portugal pela Tinta da China, partiu de uma experiência pessoal de saúde com a sua filha. O romance narra a história de uma jornalista que, após uma tentativa de violação, desenvolve uma arritmia cardíaca e é aconselhada a evitar emoções fortes, levantando a questão sobre a possibilidade de viver sem sentir intensamente.

A autora destacou a sua relação umbilical com o humor, afirmando: “Não sei escrever nem viver sem humor.

Quando estou numa situação pior, lanço humor para trazer alívio”.

A escritora partilhou ainda como a psicanálise foi fundamental para acreditar no valor da sua escrita e para se afirmar como escritora, revelando que a terapia a fortaleceu para sair de uma relação abusiva com violência doméstica.

Madalosso defende que, embora seja feminista, a literatura não pode ser “higienista” e pode explorar personagens complexas, como “uma mulher apaixonada por um machista”.

A entrevista aborda também o seu processo criativo, o medo da “folha em branco” e os desafios da menopausa, pintando um retrato complexo de uma das vozes mais interessantes da literatura brasileira contemporânea, que escreve a partir do que a “persegue, amedronta, assombra e fascina”.