A atual corrida presidencial é caracterizada por um número invulgarmente elevado de pré-candidatos, um fenómeno que alguns analistas políticos associam a uma percebida "banalização" do cargo durante os mandatos de Marcelo Rebelo de Sousa. Esta proliferação de candidaturas antecipa uma primeira volta eleitoral altamente fragmentada e de resultado imprevisível. De acordo com artigos de opinião, o estilo de Marcelo Rebelo de Sousa como um "Presidente-Comentador", que opina sobre todos os assuntos da atualidade, terá contribuído para desmistificar a figura presidencial, criando a ideia de que "qualquer um pode exercer o cargo". Esta perceção, aliada à ausência de uma "figura senatorial" ou de um candidato natural e consensual, terá aberto espaço para que múltiplas personalidades se sentissem legitimadas a avançar.
O resultado é um cenário político que contrasta com eleições passadas.
Prevê-se uma segunda volta quase inevitável, não por um excesso de opções de grande calibre, como em 1986, mas pela incapacidade de qualquer candidato se afirmar de forma clara.
Esta "balcanização eleitoral", com um segundo classificado a poder ter apenas entre 15% e 20% dos votos, levanta questões sobre a legitimidade e a força do futuro Presidente. O debate subjacente é sobre o próprio papel do Presidente no sistema semipresidencialista português e se o modelo atual, após esta eleição, necessitará de ser repensado.
Em resumoA fragmentação do campo de candidatos é vista como um sintoma de uma crise de prestígio do cargo presidencial. O legado do estilo de Marcelo Rebelo de Sousa e a falta de figuras consensuais estão a moldar uma eleição que poderá ser mais sobre a dispersão de votos do que sobre a escolha de um líder forte e unificador.