Esta polarização pode favorecer os candidatos que sejam percebidos como a barreira mais eficaz contra a chegada do líder do Chega a uma segunda volta.
Artigos de análise e opinião debatem se a principal equação da eleição será "votar para apoiar ou para derrotar".
A forte rejeição que André Ventura gera numa parte significativa do eleitorado pode levar à mobilização de um "voto útil" estratégico. Neste cenário, eleitores de diferentes quadrantes políticos poderiam convergir no candidato que as sondagens indiquem ter mais hipóteses de impedir a passagem de Ventura à segunda volta ou de o vencer num confronto direto.
Os artigos sugerem que um candidato como Henrique Gouveia e Melo, por exemplo, "pode ser favorecido por quem quer derrotar Ventura".
Esta lógica transforma a eleição de uma escolha baseada em programas e afinidades ideológicas para um cálculo tático. Candidatos como António José Seguro, que apelam a um eleitorado mais moderado e de diálogo, podem ser prejudicados por esta polarização, que tende a beneficiar figuras vistas como mais combativas ou com maior capacidade de mobilização contra um adversário comum.
A campanha arrisca-se, assim, a ser dominada não pelas propostas dos candidatos, mas pela sua posição em relação a Ventura.