Esta intervenção gerou tensão política, com o Chefe de Estado a advertir que "quem decide em cima da hora, muitas vezes chega tarde". Numa declaração com forte impacto político, Marcelo Rebelo de Sousa detalhou que, numa reunião com Luís Montenegro a 13 de agosto, o avisou sobre o risco de agravamento dos fogos, afirmando: "'Atenção, que o dia 15 pode ser um dia complicado'". A revelação é particularmente relevante porque a tradicional 'rentrée' do PSD, a Festa do Pontal, decorreu a 14 de agosto, um evento que motivou críticas ao Governo por uma aparente desatenção à crise dos incêndios que assolava o país. As palavras do Presidente foram amplamente interpretadas como uma crítica direta ao 'timing' e à comunicação do Executivo. Embora tenha procurado proteger a Ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, atribuindo as suas hesitações à inexperiência — descrevendo a situação como "um desafio difícil para uma ministra acabada de entrar há dois meses" —, a mensagem principal visou a liderança do Governo.
Esta fricção pública entre o Presidente e o Primeiro-Ministro, ambos da mesma área política, é um desenvolvimento notável que ensombra o final do mandato de Marcelo e cria um clima de tensão institucional. Analistas consideram que a intervenção do Chefe de Estado serve para se demarcar de eventuais falhas governamentais e para reforçar o seu papel de fiscalizador, moldando a narrativa política.