A declaração foi proferida durante uma participação surpresa na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, e dominou a agenda mediática da semana. A análise do Presidente português, que rapidamente foi noticiada por meios de comunicação internacionais como a CNN, baseou-se na perceção de que a atual liderança norte-americana tem, objetivamente, favorecido os interesses estratégicos da Federação Russa no contexto da guerra na Ucrânia. Marcelo Rebelo de Sousa especificou que não se trata de "uma aliança baseada na amizade, na cumplicidade económica, ideológica ou doutrinária", mas sim de um favorecimento objetivo.

"Estou a dizer que, em termos objetivos, a nova liderança norte-americana tem favorecido estrategicamente a Federação Russa", sustentou.

Posteriormente, foi revelado pelo jornalista de investigação Frederico Duarte Carvalho que a afirmação do Presidente se baseava no livro "American Kompromat" do jornalista americano Craig Unger, que documenta as alegadas ligações entre Trump e a Rússia.

A polémica suscitou um intenso debate em Portugal, com analistas a alertarem para o risco de um "conflito diplomático" com os Estados Unidos, um aliado histórico e parceiro na NATO.

As reações políticas foram imediatas e abrangeram todo o espectro partidário, desde o Governo aos partidos da oposição e ao candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo, colocando o país e o executivo numa "situação muito difícil", segundo alguns comentadores.

A controvérsia ilustra o estilo interventivo de Marcelo Rebelo de Sousa, mesmo na fase final do seu mandato, e a sua disposição para comentar abertamente temas sensíveis da geopolítica mundial, independentemente das potenciais repercussões diplomáticas.