A declaração foi proferida de surpresa durante a sua participação presencial na Universidade de Verão do PSD, em Castelo de Vide, onde estava inicialmente prevista uma intervenção por videoconferência.
No seu discurso, o Chefe de Estado português inseriu a afirmação numa análise mais ampla sobre as novas lideranças políticas mundiais, que descreveu como mais emocionais e focadas no contacto direto com os cidadãos.
Ao abordar o novo equilíbrio geopolítico, referiu-se ao que considerou uma "coisa peculiar e complexa": "o líder máximo da maior superpotência do mundo, objetivamente, é um ativo soviético, ou russo.
Funciona como ativo".
Marcelo Rebelo de Sousa fez questão de sublinhar que não se tratava de "uma aliança baseada na amizade, na cumplicidade económica, ideológica ou doutrinária". A sua justificação centrou-se na atuação da administração norte-americana no contexto da guerra na Ucrânia, argumentando que esta tem, objetivamente, beneficiado os interesses estratégicos de Moscovo. "Estou a dizer que, em termos objetivos, a nova liderança norte-americana tem favorecido estrategicamente a Federação Russa", sustentou, acrescentando que os EUA passaram "de aliados de um lado para árbitros do desafio", um árbitro que, na sua visão, pretendia negociar apenas com a Rússia, excluindo a Ucrânia e a Europa. A declaração, que rapidamente se tornou o principal foco da sua intervenção, foi vista por muitos analistas como uma quebra do protocolo diplomático e uma "imprudência" para um Chefe de Estado.