A reação do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, visou conter potenciais danos diplomáticos com os Estados Unidos, o principal aliado de Portugal.

Questionado pelos jornalistas em Copenhaga, Paulo Rangel foi taxativo ao afirmar: "Não me compete, nem devo comentar as declarações do Presidente da República".

De seguida, o ministro fez questão de clarificar a posição institucional do executivo, lembrando que "a definição da política externa portuguesa cabe ao Governo". Esta afirmação foi um recado claro, tanto a nível interno como externo, de que as opiniões do Chefe de Estado não vinculam a política oficial do país.

Rangel concluiu que é desta forma que os "parceiros internacionais, todos eles, devem entender a relação com Portugal".

Esta posição foi interpretada pela generalidade dos analistas como uma tentativa de controlo de danos e de tranquilização dos aliados, em particular da administração norte-americana.

Alguns comentadores chegaram a sugerir que a reação do Governo espelhava uma "irritação" com a atitude do Presidente e que Rangel poderia mesmo "ter recebido um telefonema de Washington", refletindo a gravidade com que a situação foi encarada a nível diplomático. A demarcação do Governo foi, assim, um passo crucial para separar a análise pessoal do Presidente da posição oficial do Estado português.