A afirmação, proferida durante a sua intervenção na Universidade de Verão do PSD, dominou o debate político da semana, suscitando reações do Governo, de candidatos presidenciais e de comentadores. Durante a sua análise sobre o atual contexto geopolítico, Marcelo Rebelo de Sousa afirmou que, "em termos objetivos, a nova liderança norte-americana tem favorecido estrategicamente a Federação Russa" no que concerne à guerra na Ucrânia. O Presidente teve o cuidado de especificar que não se referia a "uma aliança baseada na amizade ou na cumplicidade económica, ideológica, doutrinária", mas sim a um resultado objetivo das estratégias seguidas pela administração norte-americana.
A reação do Governo português foi imediata, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, a demarcar-se, sublinhando que "quem conduz a política externa portuguesa é o Governo".
A polémica rapidamente extravasou fronteiras, sendo noticiada por meios de comunicação internacionais, como a CNN.
Posteriormente, foi revelado que a terminologia usada pelo Presidente poderá ter sido baseada no livro "American Kompromat" do jornalista americano Craig Unger, que investiga as ligações entre Trump e a Rússia.
A controvérsia alimentou um intenso debate sobre os limites da intervenção do Presidente da República em matéria de política externa, com figuras como o candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo a criticarem as declarações e o antigo ministro Paulo Portas a advertir que um Presidente "representa interesses nacionais" e não deve emitir "opiniões". Este episódio marcou a agenda política, ilustrando as tensões institucionais em período de coabitação e o debate sobre o perfil e o papel do Chefe de Estado, um tema central para a corrida presidencial.