O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo adotou uma postura crítica, demarcando-se do estilo do atual Presidente e sugerindo uma abordagem mais tradicional e discreta para a diplomacia presidencial.

No campo da esquerda, a reação foi mais contida.

António Filipe, candidato apoiado pelo PCP, considerou a frase um "lapso de língua", enquanto o secretário-geral do partido, Paulo Raimundo, desvalorizou o episódio com ironia, classificando-o como algo próprio da "silly season" que deu "vontade de rir".

Fora do espectro dos candidatos, a análise mais incisiva veio do antigo Ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que proferiu uma crítica indireta mas contundente.

Portas afirmou que "um comentador tem opiniões.

Um presidente representa interesses nacionais.

E é apenas nesse plano que deve falar, quando fala", estabelecendo uma linha clara entre a liberdade de um analista e a responsabilidade institucional de um Chefe de Estado. Este leque de reações é revelador do debate que se avizinha na campanha presidencial: que tipo de presidência querem os portugueses? Uma presidência de intervenção e opinião, na linha de Marcelo, ou uma mais focada na representação institucional e na contenção diplomática?

A polémica serviu para que os diferentes atores começassem a traçar as suas linhas e a apresentar as suas visões alternativas para o Palácio de Belém.