Esta perspetiva baseia-se na conjugação de fatores políticos e constitucionais que limitam as alternativas a um entendimento parlamentar.

Marcelo Rebelo de Sousa fundamenta a sua análise em dois pontos principais.

Primeiro, a estrutura da proposta de lei, que antecipa ser "mais leve". Segundo, e mais importante, a impossibilidade constitucional de dissolver o parlamento.

Ao entrar no último semestre do seu mandato, o Presidente perdeu esta prerrogativa, o que significa que um chumbo do Orçamento não poderia levar a eleições antecipadas, como já aconteceu no passado.

Esta limitação, segundo o Chefe de Estado, deixa os partidos "condenados" a cooperar com o Governo minoritário do PSD/CDS-PP durante mais algum tempo. Na sua visão, os partidos da oposição "estão na disposição de falar, de dialogar, com tempo", para encontrar plataformas de entendimento com o executivo. Esta declaração funciona como um apelo à responsabilidade dos agentes políticos, sinalizando que a estabilidade governativa dependerá exclusivamente da sua capacidade de negociação no parlamento, uma vez que a "bomba atómica" da dissolução está desativada.