Esta intervenção foi amplamente interpretada como uma crítica a candidatos sem percurso partidário e um potencial apoio a um candidato com um longo historial político.

No seu artigo, publicado no jornal Expresso, Cavaco Silva argumenta que o cargo de Presidente da República exige "qualificações específicas" e "uma boa dose de experiência política", dado que o seu detentor exerce "uma magistratura de influência ativa" e funciona como "reserva de último recurso" em caso de crise grave.

Embora não tenha mencionado nomes, as suas palavras foram vistas como um recado direto ao candidato Henrique Gouveia e Melo, cuja carreira foi exclusivamente militar, e como um endosso implícito a Luís Marques Mendes, com um vasto percurso político no PSD e em funções governativas.

O ex-Presidente sublinhou a importância do conhecimento do funcionamento das instituições, da sobriedade e da capacidade de não alimentar intrigas políticas.

Advertiu ainda que, em campanha, os candidatos "podem prometer tudo e mais alguma coisa e dizer os maiores disparates", mas que "falar é relativamente fácil, fazer bem é mais difícil".

A sua intervenção colocou a dicotomia entre experiência política tradicional e candidaturas de outsiders no centro do debate eleitoral, gerando reações imediatas de vários quadrantes e moldando a agenda mediática da semana.