Segundo Nóvoa, esta instabilidade serviu de "pasto fértil para estes populismos".

A análise do ex-candidato presidencial sugere que, pelo menos em duas das três dissoluções, Marcelo Rebelo de Sousa tinha alternativas que optou por não seguir, como permitir a governação em duodécimos em 2021 ou aceitar a nomeação de um novo primeiro-ministro do PS em 2023, após a demissão de António Costa. Em resposta, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu o seu legado, argumentando que Portugal desfrutou de uma "estabilidade apreciável" durante a última década. O Chefe de Estado sublinhou que, "em dez anos, teve verdadeiramente dois primeiros-ministros, um dos quais oito anos e meio", o que considera um sinal claro de estabilidade. Adicionalmente, destacou a sua capacidade de coabitação com "um Governo [do PS] o mais à esquerda da democracia portuguesa depois da revolução", sendo ele um Presidente de direita.

Marcelo rejeitou a ideia de que as suas decisões alimentaram o populismo, atribuindo antes as crises políticas aos seus motivos subjacentes, como processos judiciais e questões éticas nos governos, que não lhe podem ser imputados.

Este diferendo público expõe duas narrativas opostas sobre a última década da política portuguesa e o papel da Presidência na gestão de crises.