A sua declaração funciona como um legado político e um apelo à responsabilidade dos futuros protagonistas políticos, incluindo o seu sucessor.

O Chefe de Estado afirmou que “a República e a Democracia estão hoje bem vivas em Portugal”, mas alertou que, “para que assim continue”, é necessário um esforço contínuo para estar “à altura, na prática política e constitucional, daqueles princípios”.

Na sua nota, Marcelo Rebelo de Sousa evocou o ideário da I República, destacando valores como a primazia do interesse comum, a participação cidadã, a laicidade do Estado e a aposta na educação.

Considerou ainda que a História interpela os atuais líderes “para a construção de partidos políticos em que os cidadãos se sintam representados”. Esta mensagem pode ser interpretada como um balanço do seu mandato e, simultaneamente, um aviso perante os “novos desafios” que o país enfrenta, numa alusão velada à instabilidade política e ao crescimento de populismos.

Ao sublinhar a importância da “boa gestão da coisa pública” e do combate às desigualdades, o Presidente cessante estabelece um conjunto de referências e exigências para quem vier a ocupar o Palácio de Belém, enquadrando o debate da sucessão em torno da defesa dos valores fundamentais do regime democrático.