A sua posição defende a separação de poderes, ao mesmo tempo que reconhece a necessidade de a justiça abordar questões que possam minar a confiança pública. Perante a controvérsia gerada pela notícia de que o juiz Ivo Rosa foi alvo de uma investigação durante três anos, Marcelo Rebelo de Sousa adotou uma postura de equilíbrio institucional. Por um lado, foi perentório ao afirmar que “não se deve pedir aos políticos para intervirem no domínio da justiça, porque isso quebra a separação de poderes”. Por outro, apelou diretamente ao Conselho Superior da Magistratura e ao Conselho Superior do Ministério Público para que se debruçassem sobre “casos que podem criar dúvidas relativamente à imagem da justiça”. Esta sugestão de autorreflexão visa prevenir que a percepção de problemas no funcionamento da justiça legitime apelos a uma intervenção política, que considera prejudicial. O tema da relação entre justiça e política é um dos mais sensíveis e recorrentes no debate público português.
A forma como o Presidente cessante gere esta tensão estabelece um precedente importante para o seu sucessor, que inevitavelmente enfrentará situações semelhantes.
A capacidade de defender a independência do poder judicial, enquanto se promove a sua transparência e responsabilidade perante os cidadãos, será uma das provas de fogo para o próximo Chefe de Estado.













