Estas críticas moldam o debate sobre o perfil desejado para o seu sucessor em Belém.
Num livro recentemente publicado, Vital Moreira, uma das principais referências do direito constitucional em Portugal, argumenta que o atual Chefe de Estado ultrapassou, em diversas ocasiões, os limites que a Constituição impõe ao cargo.
Esta crítica de natureza jurídica e institucional soma-se a outras de cariz mais político.
Artigos de opinião referem que as "elites sociais, económicas, políticas e até dos media nunca gostaram muito dele", considerando-o um "comentador ou um endiabrado manipulador".
O seu estilo, caracterizado pela "proximidade com a rua" e pela constante presença mediática, é visto por estes setores como sendo "desprovido de sentido de Estado".
Por outro lado, há quem defenda que foi precisamente essa forma de exercer o cargo que o tornou popular junto da população.
Este debate sobre o legado de Marcelo — entre uma presidência de afetos e intervenção constante e uma visão mais tradicional e contida do cargo — estabelece o pano de fundo para a atual corrida presidencial.
Os candidatos são, de certa forma, compelidos a posicionar-se em relação a este modelo, seja por afinidade ou por oposição, influenciando a perceção dos eleitores sobre o que se deve esperar do próximo Presidente da República.














