Esta abordagem, que força reações dos adversários e instituições, define o tom radical da sua candidatura e testa os limites do discurso político.

Os cartazes, com frases como "Isto não é o Bangladesh" e "Os ciganos têm de cumprir a lei", foram amplamente criticados e levaram a múltiplas queixas junto da Comissão Nacional de Eleições (CNE) e da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), que remeteram o caso para o Ministério Público.

O advogado António Garcia Pereira apresentou mesmo uma queixa à Procuradoria-Geral da República pedindo a extinção do Chega por considerar que o partido viola a Constituição ao professar uma ideologia fascista.

Em resposta, Ventura afirmou que extinguir o Chega seria "extinguir a própria democracia".

Para além dos cartazes, o líder do Chega gerou controvérsia ao afirmar que o país precisaria de "três Salazares" para ser posto em ordem.

Esta radicalização do discurso parece ter como alvo principal o candidato Henrique Gouveia e Melo, a quem Ventura tenta colar ao "sistema". Outros candidatos, como Gouveia e Melo e Catarina Martins, condenaram as mensagens, com o almirante a apelar ao "desprezo por mensagens que induzem racismo" e a candidata do Bloco de Esquerda a classificá-las como "distrações inaceitáveis e xenófobas".

Esta estratégia de confronto direto parece calculada para dominar a agenda mediática e solidificar a sua base de apoio, mesmo que à custa de acusações de incitamento ao ódio.