A dinâmica no campo da esquerda foi marcada pela possibilidade de uma convergência estratégica, após o candidato apoiado pelo Livre, Jorge Pinto, ter admitido desistir da sua corrida a favor de António José Seguro. Esta oferta, contudo, veio com uma condição explícita: que o candidato socialista se assumisse claramente como sendo de esquerda. Jorge Pinto afirmou que “há condições mínimas para considerar uma qualquer convergência de candidaturas, ou uma desistência”, caso um candidato de esquerda, incluindo Seguro, se destaque e se alinhe com o “pacto republicano” que propõe.
Esta movimentação colocou pressão sobre António José Seguro, cuja postura na pré-campanha tem sido alvo de críticas por uma aparente hesitação em reclamar o seu espaço ideológico.
Em resposta, Seguro, embora elogiando o gesto de Jorge Pinto, procurou clarificar a sua posição, corrigindo um discurso anterior.
O candidato apoiado pelo PS afirmou ser da “esquerda moderada e moderna”, reconhecendo que “nem sempre estamos nos nossos melhores momentos”.
Esta reafirmação ideológica surge como uma tentativa de consolidar o seu eleitorado natural e responder aos desafios de outras candidaturas no mesmo espectro político, como as de Catarina Martins e António Filipe. A interação entre os dois candidatos revela as dificuldades de união e a competição por hegemonia no espaço da esquerda, onde a fragmentação de candidaturas pode dispersar votos e dificultar a passagem de um candidato deste campo a uma eventual segunda volta.
Em resumoA oferta de Jorge Pinto para uma possível desistência a favor de Seguro expôs as tensões e estratégias no seio da esquerda. Forçou António José Seguro a clarificar a sua identidade política como de “esquerda moderada”, num esforço para unificar o seu eleitorado, enquanto a fragmentação de candidaturas neste espaço político continua a ser um desafio estratégico.