O campo político à esquerda vive um período de intensa movimentação estratégica, com apelos a convergências e a reafirmação de candidaturas distintas. A discussão sobre a possibilidade de uma candidatura única para enfrentar a direita numa eventual segunda volta marcou a semana, revelando as diferentes táticas e a fragmentação do setor.\n\nJorge Pinto, o candidato apoiado pelo Livre, abriu a porta a uma desistência a favor de António José Seguro, mas com uma condição clara: que o candidato apoiado pelo PS se assuma inequivocamente como sendo de esquerda. Pinto desafiou também os seus adversários de esquerda a comprometerem-se a desistir a seu favor, caso a sua candidatura se revele a mais bem posicionada. Seguro reagiu ao gesto mostrando-se “feliz”, mas evitou assumir a posição exigida, reafirmando-se como sendo de uma “esquerda moderna e moderada”. Por outro lado, Catarina Martins, candidata do Bloco de Esquerda, revelou ter recebido apelos, “incluindo por escrito”, para desistir em nome de Seguro, mas rejeitou a ideia, criticando o adversário por não se assumir claramente de esquerda.
A candidata do BE afirma ser a mais bem posicionada no seu campo político.
Já António Filipe, candidato do PCP, foi taxativo ao afirmar que a sua candidatura “não é substituível” e que “não faz qualquer sentido” ponderar uma desistência a favor de outro candidato. Os três candidatos da esquerda parlamentar - Martins, Filipe e Pinto - mostraram unidade ao marcarem presença na marcha nacional da CGTP contra o pacote laboral do Governo, sinalizando uma frente comum nas críticas às políticas sociais do executivo, ainda que mantenham projetos presidenciais separados.
Em resumoA esquerda debateu a sua estratégia, com o candidato do Livre, Jorge Pinto, a admitir desistir por António José Seguro se este se assumir de esquerda. Catarina Martins (BE) rejeitou apelos semelhantes, enquanto António Filipe (PCP) declarou a sua candidatura como insubstituível. Apesar da desunião estratégica, os três candidatos de esquerda uniram-se na manifestação contra as leis laborais.