Uma controvérsia marcou a pré-campanha de Henrique Gouveia e Melo, centrada nos motivos que o levaram a candidatar-se à Presidência da República. A polémica foi espoletada por uma notícia da Agência Lusa, baseada em excertos do livro de entrevistas “Gouveia e Melo - As Razões”, que afirmava que a decisão do almirante foi despoletada por uma notícia do Expresso sobre uma alegada tentativa de Marcelo Rebelo de Sousa de o travar, reconduzindo-o como Chefe do Estado-Maior da Armada. A candidatura de Gouveia e Melo reagiu prontamente, classificando a notícia da Lusa como “falsa” e acusando a agência de “falta de rigor inaceitável”.
O próprio candidato, em entrevista, negou que Marcelo tivesse tido um “papel decisivo” na sua decisão e esclareceu que o que o deixou “danado” foi o título do artigo do Expresso, que, na sua interpretação, “indicava que eu estava a fazer chantagem sob o Governo”. A Direção de Informação da Lusa repudiou a acusação de falsidade, reiterando que a notícia se baseou fielmente em declarações do próprio candidato no livro. A autora do livro, a jornalista Valentina Marcelino, considerou a interpretação da Lusa “legítima”, embora tenha clarificado que Gouveia e Melo não fez “referência ao Presidente” diretamente nesse contexto.
A polémica foi aproveitada pelos adversários: Marques Mendes acusou-o de dizer “disparates”, e António José Seguro apontou-lhe “grande imaturidade política”.
O Presidente da República escusou-se a comentar, afirmando não ter “relações minadas com ninguém”.
Em resumoA candidatura de Henrique Gouveia e Melo foi abalada por uma controvérsia sobre os seus motivos para concorrer, após uma notícia da Lusa que o próprio classificou como falsa. A agência manteve a sua versão, baseada num livro de entrevistas, gerando um debate sobre a relação do candidato com a comunicação social e sendo explorada politicamente pelos seus adversários diretos.