A demarcação clara do ex-chefe da Armada visa proteger a sua candidatura de qualquer associação a uma das figuras mais controversas da política portuguesa recente.

O apoio foi revelado por José Sócrates numa entrevista, na qual afirmou que votaria em Gouveia e Melo por este oferecer “melhores garantias de que nunca aceitará a extrema-direita no poder”.

A notícia surgiu durante o debate televisivo entre Gouveia e Melo e o candidato Jorge Pinto.

Confrontado pelo moderador sobre o tema, o almirante na reserva mostrou-se irritado com a pergunta, que considerou “provocatória e deslocada”, e distanciou-se firmemente do antigo governante.

“Ainda bem que ele disse que não tem qualquer relação comigo”, afirmou, sublinhando que “há um universo que o separa” de José Sócrates. Gouveia e Melo insistiu que não pediu nem desejava tal apoio, descrevendo o momento do anúncio como “estranhíssimo”. Esta reação reflete uma estratégia de contenção de danos, procurando evitar que a sua candidatura, que se apresenta como independente e fora do sistema partidário tradicional, seja contaminada pela associação a um político que enfrenta acusações graves de corrupção. A candidatura de Gouveia e Melo tem sido alvo de escrutínio por incluir entre os seus mandatários figuras próximas de Sócrates, como Afonso Camões, o que torna esta demarcação pública ainda mais crucial para a sua imagem de integridade e independência.