A XIV Convenção Nacional do Bloco de Esquerda (BE) marcou o fim da liderança de Mariana Mortágua e a eleição de José Manuel Pureza, num momento crítico para o partido após resultados eleitorais adversos. O evento foi dominado por um discurso de autocrítica, renovação e apelos a uma maior convergência no campo da esquerda, com impacto direto na candidatura presidencial de Catarina Martins. No seu discurso de despedida, Mariana Mortágua admitiu erros, mas rejeitou que tenham sido “determinantes”, e sublinhou a necessidade de o partido “mudar quase tudo, e quase tudo não é demais”.
O novo coordenador, José Manuel Pureza, prometeu recusar “sectarismos” e fazer “todos os diálogos” necessários, defendendo uma “esquerda de pontes” focada na luta social.
A convenção serviu de palco para a candidata presidencial apoiada pelo partido, Catarina Martins, que apelou à esquerda para que saiba ouvir e “juntar forças” contra “a exploração e a indecência”. A mudança de liderança e o tom de abertura procuram reposicionar o BE, que passou de 19 deputados para apenas um, e reconquistar o eleitorado jovem e os trabalhadores. A oposição interna criticou o que considera ser um “excesso de centralização” e uma mudança “cosmética”, mas a nova direção, que inclui figuras como Fabian Figueiredo e Isabel Pires, comprometeu-se a reforçar a democracia interna e a ligação aos movimentos sociais, começando pela mobilização para a greve geral.
Em resumoA convenção do BE assinalou uma viragem estratégica, com a eleição de José Manuel Pureza e um discurso focado na autocrítica e na necessidade de união à esquerda. O partido procura reinventar-se para recuperar relevância política e fortalecer a candidatura de Catarina Martins num cenário de fragmentação do seu espaço político.