A controvérsia ganhou tração com a revelação de que perto de 50 comunicações de António Costa foram intercetadas, embora apenas duas tenham sido consideradas relevantes para a investigação.

A defesa do ex-primeiro-ministro exigiu explicações ao Ministério Público sobre a manutenção destas escutas no processo e a sua subsequente fuga para a comunicação social. Paralelamente, a divulgação de uma conversa em que José Luís Carneiro surge a recomendar um ex-deputado para um cargo ao então ministro do Ambiente, levou o líder do PS a desvalorizar o episódio, afirmando: “Não vejo qualquer gravidade especial nisso”.

O impacto do caso na campanha foi imediato, com a maioria dos candidatos a Belém a manifestar sérias preocupações.

Luís Marques Mendes e António José Seguro foram perentórios ao exigir que o Procurador-Geral da República preste esclarecimentos sobre o processo.

Num debate, Catarina Martins e João Cotrim de Figueiredo, apesar das suas divergências, concordaram sobre a gravidade do uso “indiscriminado” de escutas.

Jorge Pinto, candidato apoiado pelo Livre, condenou a divulgação das conversas como uma “devassa da vida privada” que revela a necessidade de uma reforma “muito profunda” na justiça. Esta convergência de críticas, vinda de diferentes quadrantes políticos, evidencia a profundidade da crise de confiança no sistema judicial e eleva a reforma da justiça a um dos temas mais prementes da corrida presidencial.