A tensão evidencia as divisões internas no partido e a complexidade da sua posição numa eleição com múltiplos candidatos na área do centro-esquerda.

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, sentiu necessidade de vir a público reafirmar que "o PS só tem um candidato, é António José Seguro". Esta declaração surgiu na sequência do debate entre Seguro e Gouveia e Melo, no qual o almirante na reserva afirmou representar "também o PS" e classificou o seu adversário como candidato de "uma fação do partido". Carneiro considerou "inadequado que se tenha arvorado como candidato do PS", sublinhando a decisão formal do partido.

A intervenção do líder socialista visa conter a perceção de divisão e a possível dispersão de votos, um risco real dado o apoio que Gouveia e Melo recolheu junto de algumas figuras socialistas.

Por seu lado, Gouveia e Melo, ao formalizar a sua candidatura, recusou responder diretamente a Carneiro, afirmando: "Eu não virei à esquerda, nem à direita.

Os senhores têm de compreender que eu quero unir Portugal, com todos os portugueses".

Este episódio expõe a fratura no espaço socialista, onde um candidato oficialmente apoiado (Seguro) compete com um candidato independente (Gouveia e Melo) que apela diretamente à mesma base eleitoral.

A situação é delicada para o PS, que, segundo o presidente do partido, Carlos César, não penalizará quem apoiar outro candidato, numa tentativa de evitar uma crise interna mais profunda.