A discussão centrou-se mais em acusações sobre decisões tomadas há uma década do que em propostas para o futuro da Presidência.

Catarina Martins adotou uma postura ofensiva, colando persistentemente António José Seguro à direita e às políticas de austeridade.

A candidata apoiada pelo BE acusou o ex-líder do PS de ter tido uma "abstenção violenta" no Orçamento do Estado do governo de Passos Coelho e de ter procurado entrar nesse mesmo governo. Martins usou o passado para questionar as credenciais de esquerda de Seguro, afirmando: "Sei o que fizeste em 2013". Por seu lado, António José Seguro defendeu as suas decisões, afirmando que, em momentos difíceis, um líder político deve agir com "responsabilidade" e que "voltaria a fazer o mesmo".

O candidato apoiado pelo PS contra-atacou, acusando o BE de ter inviabilizado dois orçamentos do governo de António Costa, o que levou à queda da 'geringonça'. Seguro lamentou ainda a tentativa de Catarina Martins de "se agarrar ao património de Mário Soares", procurando demarcar-se da sua adversária. O debate revelou-se, assim, um confronto com "dez anos de atraso", focado em justificar posições passadas e em disputar a hegemonia no campo da esquerda, com a candidata bloquista a tentar impedir que Seguro se afirmasse como um candidato de esquerda credível.