A resposta do Governo à vaga de incêndios que assola o país gerou uma intensa polémica política, com críticas da oposição e do Presidente da República, enquanto no terreno se avaliam os vastos prejuízos e se apoiam as populações e bombeiros. A decisão do Executivo de Luís Montenegro de solicitar ajuda europeia apenas ao fim de 23 dias de incêndios intensos foi o catalisador de uma onda de contestação. O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, revelou ter alertado o primeiro-ministro a 13 de agosto sobre o agravamento da situação, um dia antes de Montenegro e vários ministros terem participado na festa do Pontal, no Algarve, enquanto “parte do país ardia”. Esta revelação adensou as críticas sobre a perceção de distanciamento do Governo.
Em resposta, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, defendeu o Executivo, considerando que o que se está “a querer fazer é aproveitamento político”.
Por outro lado, o candidato presidencial Gouveia e Melo criticou a orgânica da proteção civil e a falta de gestão florestal, defendendo um plano a médio e longo prazo.
No terreno, a destruição é visível em locais como a serra de Trancoso e o concelho de Arganil, onde a paisagem ficou “pintada de negro”. O Governo anunciou um pacote de 45 medidas de apoio, incluindo um adiantamento de até 50 mil euros às associações de bombeiros, mas a oposição, do PS ao Chega, considerou a resposta tardia, falando em “teimosia” e “arrogância”.
Em resumoA gestão da crise dos incêndios pelo Governo desencadeou uma tempestade política, centrada na demora em pedir ajuda externa e na perceção de alheamento. As medidas de apoio anunciadas tentam mitigar os danos, mas o debate foca-se agora na necessidade de reformas estruturais na prevenção e combate aos fogos, bem como na responsabilidade política pela atuação governamental.