O Governo prepara-se para penalizar os médicos que abandonam o Serviço Nacional de Saúde (SNS) para trabalhar à tarefa, uma medida que gerou forte contestação por parte de sindicatos e da Ordem dos Médicos, que a consideram punitiva e contraproducente. O projeto de lei, avançado pelo Ministério da Saúde, prevê que os clínicos que rescindam contrato com o SNS fiquem impedidos de ser contratados como prestadores de serviços externos, os chamados “tarefeiros”, durante um período de três anos. A medida abrange também os recém-especialistas que optem por não celebrar um contrato com o Estado.
O objetivo é travar a crescente saída de profissionais para um regime que oferece maior remuneração e flexibilidade.
No entanto, a proposta foi recebida com duras críticas.
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) afirmou que a medida “só vai empurrar profissionais para o privado”, classificando-a como um “castigo”.
A Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) e o Bastonário da Ordem dos Médicos partilham da mesma opinião, defendendo que a solução para a retenção de talento no SNS não passa por penalizações, mas sim por tornar o serviço público mais atrativo, com melhores condições de trabalho e valorização das carreiras.
Em resumoA tentativa do Governo de reter médicos no SNS através de uma norma de incompatibilidades para o trabalho à tarefa é vista pelas estruturas representativas dos médicos como uma abordagem errada. Em vez de resolver o problema estrutural da falta de atratividade do SNS, a medida é criticada por penalizar os profissionais e potenciar a sua fuga para o setor privado.