A situação desencadeou uma intensa resposta política e um debate sobre a prevenção e o apoio às populações afetadas.

Os incêndios que lavram há vários dias no centro do país deixaram um rasto de destruição, com o fogo que começou no Piódão, em Arganil, a alastrar a múltiplos concelhos como Seia e Fundão, consumindo milhares de hectares de floresta e terrenos agrícolas. A situação em Pedrógão Grande é particularmente sensível, com o regresso das chamas a gerar angústia entre os moradores que ainda recordam a tragédia de 2017.

Várias aldeias foram evacuadas por precaução e importantes vias de comunicação, como o IC8, a EN2 e troços da A23, foram temporariamente cortadas.

O sentimento de descontentamento é palpável, com um morador a desabafar: "Só se aprendeu a retirar as pessoas e a fechar estradas. De resto, não se aprendeu nada".

A dimensão da catástrofe é alarmante, com dados a indicarem que a Península Ibérica soma 66% de toda a área ardida na União Europeia este ano. A resposta política intensificou-se, com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, a promulgar o diploma do Governo com 45 medidas de apoio às populações e a apelar a um maior investimento na prevenção, defendendo que o Estado deve assumir a limpeza de terrenos quando os privados não o fazem. Do lado da oposição, o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, acusou o Governo de "falta de sentido de Estado" e "coragem política". A tragédia humana também se agravou com a morte de um operacional de 45 anos, Daniel Esteves, que combatia o fogo no Sabugal, elevando para quatro o número de vítimas mortais dos incêndios deste verão.