A devastação causada pelos incêndios florestais em Portugal este verão, com o fogo de Arganil a tornar-se o maior de sempre em área ardida, com mais de 64 mil hectares, intensificou a troca de acusações no cenário político. A oposição dividiu-se quanto à forma de apurar responsabilidades, com o Chega a propor uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e o PS a defender uma nova comissão técnica independente, uma via que mereceu a preferência do PSD. André Ventura, líder do Chega, anunciou a intenção de criar uma CPI para investigar a gestão dos incêndios desde 2017, ameaçando forçar a sua constituição de forma potestativa caso não obtenha o apoio do PS e do PSD. Ventura quer ouvir figuras como Luís Montenegro e António Costa para apurar responsabilidades pela "má gestão do combate aos fogos".
Em contrapartida, o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, considerou a proposta do Chega "despropositada e inútil", acusando o partido de fazer "política com o sofrimento". No entanto, o PSD vê "com bons olhos" a proposta do PS para uma comissão técnica, que ficaria "longe do combate partidário". O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, aproveitou para criticar o Governo, acusando-o de desviar fundos destinados às políticas florestais e, citando Cavaco Silva, afirmou que um governo que culpa os anteriores é incompetente.
Enquanto isso, o Bloco de Esquerda também anunciou a intenção de propor uma CPI, focada na coordenação e nos meios de combate.
O Governo, por sua vez, publicou o diploma com as 45 medidas de apoio às populações e empresas afetadas, que já entrou em vigor.
Em resumoA resposta política à crise dos incêndios está marcada pela divisão sobre o método de escrutínio, opondo a via política da CPI, defendida pelo Chega e BE, à abordagem técnica preferida por PS e PSD. Enquanto o debate sobre a responsabilização política se intensifica, com trocas de acusações entre Governo e oposição, as medidas de apoio às vítimas começam a ser implementadas no terreno, onde se contabilizam prejuízos avultados.