A recente vaga de incêndios que assolou Portugal reacendeu o debate político sobre as estratégias de prevenção e combate, com oposição e Governo a trocarem acusações sobre responsabilidades e eficácia das medidas implementadas. A resposta política à crise dos fogos dominou a atualidade, com o Chega a anunciar que irá avançar de forma potestativa com uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar os "negócios do fogo", após a recusa do PSD e do PS em apoiar a iniciativa. O líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, acusou André Ventura de fazer "exploração política da dor daqueles que tiveram o fogo à porta de casa", considerando a proposta "inútil".
Em resposta, o PS, pela voz de José Luís Carneiro, também se opôs à CPI, propondo em alternativa a criação de uma comissão técnica independente para avaliar o que falhou. Do lado do Governo, o ministro Castro Almeida defendeu que o atual executivo está "manifestamente mais empenhado" em resolver o problema do que os governos socialistas, uma visão contestada pelo ex-ministro Duarte Cordeiro, que alertou para o perigo de "baixar a guarda". Em paralelo, um relatório da Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) revelou que, entre 2020 e 2024, a despesa executada no sistema de gestão de fogos ficou 25% abaixo do previsto, totalizando 2.427 milhões de euros, menos 808 milhões do que o orçamentado, apesar de os meios humanos e materiais no terreno nunca terem sido tão elevados. A Liga dos Bombeiros Portugueses, sentindo-se parte central da solução, pediu para ser ouvida no parlamento, sublinhando a necessidade de o seu conhecimento prático ser considerado em futuras alterações legislativas.
Em resumoOs incêndios desencadearam uma intensa batalha política, com os partidos divididos sobre o modelo de fiscalização das falhas no combate e prevenção. Enquanto o Governo alega um maior empenho, dados oficiais apontam para uma execução orçamental abaixo do previsto, e os bombeiros reclamam um papel mais ativo na definição das estratégias futuras para evitar a repetição de tragédias.