A queda do governo, a quinta em menos de três anos sob a presidência de Emmanuel Macron, evidencia a profunda fragmentação parlamentar e a instabilidade que o país atravessa. Sébastien Lecornu apresentou a demissão após falhar em garantir apoio para o Orçamento de Estado, justificando a decisão com a falta de "condições reunidas" e a "postura" dos partidos da oposição, que, segundo ele, agem como se tivessem todos "maioria absoluta".

O seu mandato foi o mais curto da V República Francesa.

A queda do executivo gerou reações imediatas, com os partidos da oposição, da esquerda à extrema-direita de Marine Le Pen, a exigirem a dissolução da Assembleia Nacional e a convocação de eleições legislativas antecipadas.

Numa tentativa de encontrar uma saída para o impasse, o Presidente Emmanuel Macron encarregou o próprio Lecornu, já demissionário, de conduzir "negociações finais" com as forças políticas até quarta-feira para definir uma "plataforma de ação e estabilidade".

Contudo, Lecornu já indicou que não aceitará voltar a chefiar o Governo.

Analistas consideram que Macron tem poucas opções: nomear um novo primeiro-ministro, convocar eleições (um cenário arriscado que poderia fortalecer a extrema-direita) ou até demitir-se.

A instabilidade já teve reflexos nos mercados financeiros, com a bolsa de Paris a cair e os juros da dívida francesa a subirem, superando os de Itália.

A Alemanha manifestou preocupação, sublinhando a importância de uma "França estável" para a Europa.