Álvaro Santos Pereira tomou posse como novo Governador do Banco de Portugal, sucedendo a Mário Centeno, numa cerimónia que marcou o início de um mandato com promessas de um banco central "mais aberto, inovador e influente". O novo governador destacou a necessidade de reformas estruturais, com especial ênfase na crise da habitação. No seu discurso de tomada de posse, o ex-ministro da Economia do governo de Passos Coelho defendeu a importância da independência do banco central e prometeu um mandato de "diálogo e proximidade". Ignorando o legado do seu antecessor, Santos Pereira delineou um vasto caderno de encargos, onde se destacou a necessidade de "fazer mais, muito mais" para aumentar a oferta de casas e conter o "dramático" aumento dos preços.
Prometeu também reforçar o combate à fraude digital e ao branqueamento de capitais, promover a literacia financeira e simplificar a regulação.
Anunciou ainda a intenção de implementar concursos para "todos" os diretores do banco e propôs que as futuras tomadas de posse ocorram na sede do Banco de Portugal, e não no Ministério das Finanças.
A transição foi marcada por alguma tensão, com a ausência de um encontro formal entre Santos Pereira e Centeno.
Mário Centeno, que o governo decidiu não reconduzir, permanecerá no banco como consultor, com um salário de 17 mil euros, uma situação que fontes do setor admitem poder tornar-se "insustentável".
O ministro das Finanças, Miranda Sarmento, reafirmou a confiança no novo governador, fazendo um curto agradecimento a Centeno.
Em resumoA chegada de Álvaro Santos Pereira ao Banco de Portugal assinala uma vontade de mudança de rumo e de cultura na instituição. Com um discurso focado na independência, abertura e em desafios económicos prementes como a habitação, o novo governador inicia um mandato sob o olhar atento do setor financeiro e político, e com o desafio de gerir a convivência com o seu antecessor.