O Governo entregou no Parlamento a proposta de Orçamento do Estado para 2026, um documento caracterizado por uma margem de manobra "próxima de zero" mas que parece assegurar a estabilidade política com a provável viabilização do Partido Socialista. A proposta inclui um "enorme esforço de justiça social", segundo o Primeiro-Ministro, mas enfrenta críticas da oposição pela falta de ambição. O Ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, apresentou um orçamento que prevê um excedente de 0,1% do PIB e um crescimento económico de 2,3% para 2026, alertando que a margem para negociar medidas adicionais com a oposição é "próxima de zero". A viabilização do documento parece garantida, com o secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, a afirmar que a proposta "corresponde às exigências" feitas pelos socialistas e que irá "cumprir a palavra" para contribuir para a "estabilidade política".
No entanto, Carneiro criticou a ausência de um aumento "de forma duradoura" para as pensões mais baixas.
O Primeiro-Ministro, Luís Montenegro, defendeu o documento como um "enorme esforço de justiça social" que mantém o equilíbrio orçamental, destacando a descida do IRS.
As reações da restante oposição foram maioritariamente negativas.
A Iniciativa Liberal acusou o Governo de aumentar a despesa em 10 mil milhões anuais sem justificação, enquanto o PCP considerou o orçamento um "exemplo da transferência de recursos públicos para os grandes grupos económicos", considerando "incompreensível" a posição do PS. O Bloco de Esquerda classificou-o como um orçamento da "desigualdade fiscal". O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, desdramatizou, considerando-o "reduzido ao fundamental" e o mais fácil de aprovar dos últimos anos, rejeitando a ideia de aproveitamento político pela sua apresentação em plena campanha autárquica.
Em resumoA proposta de OE2026 do Governo prevê um excedente mínimo e crescimento económico moderado, contando com a viabilização do PS para garantir estabilidade. Apesar de o executivo destacar o alívio fiscal e a justiça social, a oposição critica a falta de ambição, especialmente no que toca às pensões, e o aumento da despesa pública.