A dependência dos médicos tarefeiros e os problemas recorrentes nas urgências, nomeadamente de obstetrícia, colocam o Governo sob forte pressão. A questão dos médicos prestadores de serviços, conhecidos como tarefeiros, é central na crise.

O Governo pretende reduzir o valor pago por hora a estes profissionais, o que gerou uma ameaça de paralisação que poderia levar ao "caos" nas urgências.

Comentadores como o médico Eduardo Barroso descrevem a dependência destes profissionais como um "cancro" e um "subsistema paralelo perverso".

O movimento dos tarefeiros recuou na ameaça de greve e pediu uma reunião urgente com a ministra para negociar, enquanto a Direção-Executiva do SNS prometeu a sua integração nos quadros do serviço. Em resposta à crise, o Governo pondera aumentar o valor pago pelas horas extraordinárias aos médicos do quadro do SNS, como forma de compensar a eventual saída dos tarefeiros.

O primeiro-ministro, Luís Montenegro, reafirmou a sua "total confiança" na ministra da Saúde, Ana Paula Martins, desvalorizando os rumores sobre uma possível demissão e classificando-os como "intriga política".

No entanto, admitiu sentir "incómodo" com os casos de partos em ambulâncias, aguardando um levantamento para perceber as causas do problema. A situação no Hospital Amadora-Sintra é particularmente grave, com trinta médicos a denunciarem uma "situação insustentável" nas urgências, com equipas reduzidas e tempos de espera que ultrapassam as 24 horas, comprometendo a segurança dos doentes.

Este cenário reflete um problema sistémico que os candidatos presidenciais também abordaram, mostrando-se preocupados e apresentando sugestões para resolver a crise.