O médico Miguel Alpalhão terá proposto, aprovado e codificado as suas próprias cirurgias mais de 350 vezes, um procedimento contrário às regras que exigem validação por superiores. Peritos da IGAS identificaram dezenas de casos em que cirurgias a lesões benignas foram faturadas como malignas, que são mais dispendiosas.

O médico terá mesmo operado os seus pais sem a referenciação obrigatória.

As falhas estenderam-se desde os registos biométricos até à supervisão hierárquica e financeira, permitindo que o profissional representasse 15% do valor total pago aos 20 médicos com maiores remunerações em produção adicional.

O comentador Eduardo Barroso classificou o caso como uma "vergonha para a classe médica", enquanto o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, embora sem comentar diretamente, afirmou que "casos pontuais não devem pontuar políticas de Saúde", mas admitiu a necessidade de repensar procedimentos. A IGAS propôs a abertura de um processo autónomo para apurar responsabilidades financeiras, o que poderá levar o médico a ter de devolver parte do dinheiro recebido indevidamente.

O inquérito disciplinar foi arquivado por o médico não ter vínculo à função pública.