Estes casos expõem vulnerabilidades no sistema e geraram reações políticas e institucionais.

A Polícia Judiciária (PJ) deteve uma médica endocrinologista, Graça Vargas, no âmbito da "Operação Obélix", por suspeitas de liderar um esquema que lesou o Estado em mais de três milhões de euros. A médica é acusada de prescrever medicamentos para a diabetes, como o Ozempic, a falsos diabéticos com o objetivo de perda de peso, permitindo que estes beneficiassem indevidamente da comparticipação do SNS, que pode atingir 95%. A investigação, que decorria desde 2020, apurou que a médica prescreveu mais de 65 mil embalagens a quase dois mil utentes desde 2014.

A Ordem dos Médicos já instaurou um processo disciplinar.

Numa outra investigação, a "Operação Gambérria", a PJ deteve duas funcionárias administrativas de uma Unidade de Saúde Familiar em Ovar. São suspeitas de terem inscrito de forma fraudulenta cerca de 10 mil imigrantes em situação irregular no SNS ao longo de um ano e meio, em troca de contrapartidas financeiras. Esta rede, que já levou a 16 detenções no total, permitia que os imigrantes obtivessem o número de utente, facilitando o processo de legalização.

O caso suscitou reações políticas, com André Ventura a defender a deportação de quem "usou ilegalmente o SNS" e António José Seguro a classificar o caso como "grave".

A Ministra da Saúde, Ana Paula Martins, evitou comentar os casos em curso, mas sublinhou a importância da nova Unidade de Combate à Fraude para prevenir futuras ocorrências.