A celebração do 25 de Novembro de 1975 é motivo de um aceso debate político e historiográfico em Portugal, com a aproximação do seu 50.º aniversário a intensificar a disputa de narrativas sobre o seu significado. Vários artigos de opinião refletem sobre a importância desta data na consolidação da democracia portuguesa.\n\nDe um lado, há quem defenda que o 25 de Novembro foi o momento crucial que travou o “Processo Revolucionário em Curso” (PREC) e impediu que Portugal se tornasse uma ditadura de esquerda, criando “as condições para que o País tivesse uma Constituição, um Parlamento, um Presidente democraticamente eleito”. Esta visão considera a data como um pilar fundamental da democracia liberal, que corrigiu os excessos revolucionários e garantiu o pluralismo político.
Por outro lado, outras vozes argumentam que, embora importante, o 25 de Novembro não deve ser sobrevalorizado ao ponto de ofuscar o 25 de Abril. Argumenta-se que “sem Abril não havia Novembro” e que a data deve ser vista como “inseparável da celebração do 25 de Abril”, mas não como “o outro 25 de Abril”. Esta perspetiva alerta para o risco de uma apropriação política da data pela direita, que a utiliza para desvalorizar o caráter progressista da Revolução dos Cravos.
O debate, portanto, não é apenas sobre o passado, mas reflete as tensões políticas do presente, com diferentes forças a tentarem moldar a memória histórica do período pós-revolucionário em função das suas próprias agendas ideológicas.
Em resumoA importância do 25 de Novembro é alvo de um intenso debate em Portugal, com opiniões divididas entre considerá-lo o dia que salvou a democracia de uma deriva autoritária ou um evento cuja celebração é instrumentalizada politicamente. A discussão reflete a contínua disputa pela memória histórica do período revolucionário português.