A data marca a agenda dos candidatos presidenciais e revela clivagens ideológicas sobre a consolidação da democracia portuguesa.

A discussão sobre o significado do 25 de Novembro de 1975 dominou a atualidade política, com várias figuras a pronunciarem-se.

O candidato presidencial Gouveia e Melo classificou como "inútil" a competição entre as duas datas, defendendo que "uma porque nos deu a liberdade e outra porque nos confirmou a liberdade". Esta visão contrasta com a de outros intervenientes, como o comentador Pedro Adão e Silva, que sublinha que as duas datas não têm a mesma importância na construção da democracia. A polémica adensa-se com a decisão do PCP de não comparecer nas cerimónias oficiais para não "credibilizar a iniciativa", uma vez que, segundo o partido, a data nunca tinha sido assinalada oficialmente até ao ano passado.

A Assembleia da República decidiu equiparar a sessão solene à do 25 de Abril, substituindo apenas os cravos vermelhos por rosas brancas, uma decisão que acentua a controvérsia.

Alguns analistas, como Isabel Moreira, associam o renovado interesse na data à ascensão do Chega, sugerindo uma tentativa de reescrever ou reinterpretar a história recente.

Por outro lado, a especialista em Ciência Política, Teresa Nogueira Pinto, considera que o 25 de Novembro "não anula em nada as conquistas de Abril, pelo contrário", e que "não é um exclusivo da direita". O debate reflete, assim, as diferentes narrativas sobre o Processo Revolucionário em Curso (PREC) e o caminho que levou à estabilização da democracia em Portugal.