As cerimónias, que incluíram uma parada militar no Terreiro do Paço e uma sessão solene na Assembleia da República, foram marcadas por discursos contrastantes e gestos simbólicos que espelharam a fratura entre a esquerda e a direita.

A controvérsia manifestou-se de forma visível na "guerra das flores" no Parlamento: deputados de partidos à esquerda colocaram cravos vermelhos, símbolo do 25 de Abril, junto aos arranjos de rosas brancas dispostos para a cerimónia, levando o líder do Chega, André Ventura, a retirá-los, afirmando que "hoje é dia de rosas brancas e não de cravos". O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, procurou um tom moderado, afirmando que o 25 de Abril é a "data primeira", mas que "sem Novembro não teria havido a Constituição de 1976".

No seu último discurso presidencial no Parlamento, apelou à "temperança" contra os divisionismos.

O PS, através de José Luís Carneiro, criticou o "método reducionista" do Governo nas comemorações, enquanto o PCP, ausente das cerimónias, as classificou como "desfile de mentiras" de "saudosistas do passado fascista".

O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo defendeu que as duas datas se complementam, afirmando que "nenhuma das datas sozinha nos tinha garantido a democracia".

A polémica em torno das celebrações reflete, segundo alguns analistas, uma "batalha cultural" e uma tentativa de reescrita da história, com a direita a procurar apropriar-se da data para contrapor à narrativa hegemónica do 25 de Abril.