A tensão surge numa altura em que o mandato do Presidente Umaro Sissoco Embaló se aproxima do fim, gerando um debate sobre a legitimidade da sua permanência no poder. O antigo primeiro-ministro, Baciro Djá, exortou publicamente os militares a "respeitarem e fazerem respeitar a Constituição do país a partir de 04 de setembro", data que, segundo ele, marca o fim do mandato presidencial. Djá, líder da Frente Patriótica de Salvação Nacional (Frepasna), alertou para a possibilidade de o povo sair à rua e sublinhou que as Forças de Defesa e Segurança são "responsáveis e garantes do Estado de direito democrático". O apelo surge na sequência da nomeação do empresário Braima Camará para primeiro-ministro, uma decisão que, segundo Djá, não foi consultada com a coligação Aliança Patriótica Inclusiva (API), da qual ambos fazem parte.

Djá acusou Camará de ter sido nomeado "unicamente" para trabalhar para a reeleição de Embaló, que já se declarou candidato independente às presidenciais de 23 de novembro. A oposição tem criticado a permanência de Sissoco Embaló no poder para além de 27 de fevereiro, data que consideram ser o fim do seu mandato de cinco anos, enquanto o presidente argumenta que o prazo termina a 4 de setembro. Este impasse constitucional e as movimentações políticas criam um clima de instabilidade, com o papel das forças armadas a ser colocado no centro do debate político.