A imposição de novas tarifas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros está a ser interpretada como uma medida de pressão política ligada à situação judicial do ex-presidente Jair Bolsonaro, gerando uma forte reação do governo brasileiro. A diplomacia entre as duas maiores economias do continente americano deteriorou-se, com acusações de interferência em assuntos internos e ameaças de retaliação. O governo brasileiro acusa os EUA de um "novo ataque frontal à soberania" do país, após o subsecretário de Estado norte-americano, Christopher Landau, ter criticado publicamente o magistrado do Supremo Tribunal, Alexandre de Moraes, responsável pelo processo contra Bolsonaro. O governo de Lula da Silva convocou o encarregado de negócios dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, para expressar a sua "total rejeição às repetidas interferências".
O ministro das Finanças brasileiro, Fernando Haddad, afirmou que a questão comercial não é o foco principal das taxas impostas por Donald Trump, sugerindo que a pressão política da extrema-direita, incluindo do deputado Eduardo Bolsonaro, levou ao cancelamento de uma reunião virtual que teria com um conselheiro de Trump. A tarifa adicional de 50% sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor na semana passada, afeta 36% das importações, incluindo carne bovina e café.
Em resposta, o Presidente chinês, Xi Jinping, expressou o seu apoio a Lula da Silva, condenando o "unilateralismo e o protecionismo" dos EUA, reforçando os laços económicos entre China e Brasil num momento de tensão com Washington.
Em resumoA aplicação de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil transcendeu a esfera económica, tornando-se uma ferramenta de pressão política no contexto da polarização brasileira. A reação de Brasília, apoiada pela China, sinaliza uma reconfiguração das alianças geopolíticas e um aumento da desconfiança entre os governos de Trump e Lula, com potenciais repercussões para o comércio e a diplomacia no continente americano.