O Médio Oriente vive uma semana de profunda contradição, com a aceitação de uma proposta de cessar-fogo em Gaza pelo Hamas a ser ensombrada pela aprovação israelita de um plano de ocupação militar da Cidade de Gaza e pela expansão de colonatos na Cisjordânia. A comunidade internacional observa com apreensão, temendo uma escalada de violência e o fim da solução de dois Estados. Enquanto o Hamas deu uma "resposta positiva" a uma proposta de trégua de 60 dias mediada pelo Catar e pelo Egito, que incluía a libertação faseada de reféns, Israel respondeu com a aprovação de um plano militar para uma ofensiva em larga escala na Cidade de Gaza. O ministro da Defesa, Israel Katz, confirmou a mobilização de 60.000 reservistas para a operação, que prevê também a retirada de toda a população civil da cidade. Esta ação militar foi criticada por líderes como o presidente francês Emmanuel Macron, que alertou para o risco de um "desastre" que levaria a região a uma "guerra permanente".
Simultaneamente, o governo israelita deu luz verde definitiva à construção de 3.410 novas habitações no colonato de Ma'ale Adumim, na Cisjordânia ocupada, numa área conhecida como 'E1'. A medida foi celebrada pelo ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, que afirmou que a decisão "apaga na prática a ilusão de 'dois Estados'" e representa "um novo prego no caixão dessa ideia perigosa".
A Autoridade Palestiniana condenou veementemente o plano, afirmando que este "fragmenta a unidade geográfica e demográfica" do território, transformando-o numa "verdadeira prisão".
Organizações de direitos humanos como a Ir Amim descreveram a expansão como uma implementação de um "regime de 'apartheid'", instando a comunidade internacional a tomar medidas para impedir a expulsão de palestinianos da área.
Em resumoApesar da esperança ténue de um cessar-fogo após a aceitação de uma proposta pelo Hamas, os preparativos militares de Israel para uma grande ofensiva em Gaza e a aprovação de um polémico plano de expansão de colonatos na Cisjordânia escalaram as tensões, ameaçando a estabilidade regional e a viabilidade de um futuro Estado palestiniano.