O primeiro-ministro francês, François Bayrou, colocou o seu governo em risco ao convocar uma moção de confiança para 8 de setembro, numa tentativa de validar um controverso plano de cortes orçamentais de 44 mil milhões de euros que enfrenta a oposição da esquerda à extrema-direita. Numa jogada política de alto risco, François Bayrou justificou a decisão com a necessidade de um “momento da clarificação e da verdade”, instando os deputados a escolherem entre “o lado do caos ou da responsabilidade”. O plano orçamental, que visa reduzir o défice público de 5,8% do PIB em 2024 para 4,6% em 2026, inclui medidas impopulares como o congelamento de prestações sociais e a abolição de dois feriados. A oposição já sinalizou que irá votar contra a moção, com partidos como a França Insubmissa, o Partido Comunista e a União Nacional de Marine Le Pen a preverem o “fim do Governo”.
A instabilidade política está a gerar apreensão nos mercados financeiros, com a bolsa de Paris em queda e os juros da dívida a subir.
O ministro das Finanças, Éric Lombard, agravou a tensão ao alertar para o risco de uma intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI) caso o governo caia, evocando explicitamente os exemplos de Portugal e Espanha.
“É um risco que não queremos; não podemos fazer como Espanha ou Portugal. (...) Queremos e devemos evitar, mas não vou dizer que é um risco que não existe”, afirmou Lombard, numa clara advertência sobre as consequências económicas de uma crise política prolongada.
Em resumoO governo francês enfrenta uma elevada probabilidade de queda devido a um plano de austeridade contestado. A moção de confiança convocada pelo primeiro-ministro para 8 de setembro tornou-se um ponto de rutura, com a oposição unida na rejeição, o que gera instabilidade política e económica, incluindo o receio de uma intervenção do FMI.