As negociações sobre o programa nuclear iraniano atingiram um ponto crítico, com Teerão a acusar a Europa de abandonar o seu papel de mediador e de seguir as ordens dos Estados Unidos e de Israel. A iminente reimposição de sanções da ONU, a pedido do trio europeu (França, Alemanha e Reino Unido), ameaça fazer colapsar os esforços diplomáticos e levar o Irão a abandonar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP). O porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros do Irão, Esmail Baghaei, afirmou que a Europa "decidiu ser o procurador dos EUA e de Israel", contrastando com a postura de mediação de antigos líderes da diplomacia europeia.
"Os europeus estão a fazer aquilo que Trump lhes ditou", acusou Baghaei em entrevista ao The Guardian.
A tensão aumentou depois de França, Alemanha e Reino Unido terem notificado a ONU da sua intenção de reimpor sanções globais se Teerão não cumprisse três condições: o regresso dos inspetores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), a entrega de informações sobre o seu urânio altamente enriquecido e a abertura de negociações com os EUA. O Irão rejeitou estas exigências, considerando-as um "sinal de que não estão a agir de boa-fé". Mohammad Eslami, chefe da Agência de Energia Atómica do Irão, confirmou que inspetores da AIEA estiveram no país para supervisionar uma troca de combustível na central de Bushehr, mas não inspecionaram as instalações atacadas por Israel e pelos EUA em junho, sublinhando que a cooperação com a AIEA opera agora sob uma nova estrutura controlada pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional.
Em resumoA crise nuclear iraniana intensifica-se com acusações de submissão europeia aos interesses dos EUA e de Israel, minando a confiança e o diálogo. A ameaça de o Irão se retirar do TNP e a iminente reimposição de sanções da ONU colocam a região e a estabilidade global sob elevada pressão, com o espaço para uma solução diplomática a diminuir drasticamente.