A medida, classificada como "totalmente injustificada" pela União Europeia, levanta sérias preocupações sobre a liberdade de imprensa e o estado da democracia no país africano. A decisão do executivo de Bissau, anunciada a 15 de agosto, obrigou os representantes dos órgãos de comunicação social portugueses a abandonar o país e suspendeu as suas emissões, sem que fossem apresentadas razões oficiais para a medida.

A ação gerou uma forte reação internacional, com a Alta Representante da UE para os Negócios Estrangeiros, Kaja Kallas, a considerar os desenvolvimentos "muito preocupantes", especialmente por ocorrerem num período pré-eleitoral.

Kallas sublinhou que "órgãos de comunicação social livres e independentes são a pedra basilar de qualquer democracia" e não descartou a possibilidade de sanções por parte da UE caso a situação democrática se continue a degradar.

A crise mobilizou a diplomacia portuguesa ao mais alto nível.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou ter falado "várias vezes" com o seu homólogo guineense, Umaro Sissoco Embaló, sobre o assunto.

Sem adiantar detalhes sobre as conversas, o chefe de Estado português defendeu que "tudo se deve fazer" para preservar a "amizade fraternal" entre os dois países, enquadrada na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). O ministro dos Negócios Estrangeiros português, Paulo Rangel, também se encontrou com o seu homólogo guineense, num encontro descrito como "construtivo" e com a expectativa de que a situação possa ser ultrapassada.