A tensão em torno do programa nuclear iraniano intensificou-se com a aproximação do prazo para a reposição de sanções da ONU, enquanto Teerão adota uma postura desafiadora, divulgando documentos secretos sobre o programa nuclear de Israel e rejeitando negociações diretas com os EUA. Com o prazo para a ativação do mecanismo de 'snapback' de sanções a terminar no sábado, o Irão aumentou a pressão sobre a comunidade internacional. A televisão estatal iraniana transmitiu um documentário intitulado "O Covil da Aranha", no qual revelou alegados documentos confidenciais sobre os programas militar e nuclear de Israel, incluindo dados pessoais de cerca de 190 especialistas israelitas.
O ministro da Inteligência iraniano, Esmaeil Khatib, afirmou que os dados foram usados para coordenar ataques em junho. Na Assembleia Geral da ONU, o presidente Masoud Pezeshkian reiterou que "o Irão nunca procurou e nunca procurará construir uma bomba atómica", mas acusou os EUA e Israel de infligirem um "golpe grave" na confiança internacional com os seus ataques. Entretanto, diplomatas de França e dos EUA afirmaram que "um acordo ainda é possível" para evitar as sanções, e o Presidente do Conselho Europeu, António Costa, exortou o Irão a cooperar com a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) "mesmo nesta fase tardia".
No entanto, os esforços diplomáticos foram ensombrados pela recusa do líder supremo iraniano em aceitar negociações nucleares diretas com os Estados Unidos.
Em resumoÀ beira de novas sanções, o Irão joga uma cartada de pressão e contra-informação, visando Israel e a AIEA, enquanto reafirma a natureza pacífica do seu programa nuclear. A comunidade internacional, liderada por potências europeias e pelos EUA, mantém uma porta aberta para a diplomacia, mas o tempo esgota-se, aumentando o risco de um colapso total do acordo de 2015 e uma nova crise de proliferação nuclear.