Numa demonstração de força diplomática e económica, a China anunciou na ONU novas metas climáticas para 2035, contrastando com a retórica dos EUA, ao mesmo tempo que impôs sanções a seis empresas norte-americanas ligadas ao setor da defesa. Na cimeira do clima da ONU, o presidente Xi Jinping anunciou que a China irá "reduzir as suas emissões líquidas de gases com efeito de serra no conjunto da sua economia de sete a 10% em relação ao nível do pico" até 2035 e aumentar a quota de energias não fósseis para mais de 30%.
O anúncio foi visto como um contraponto direto ao discurso do presidente dos EUA, Donald Trump, que classificou a transição energética como "a maior farsa já imposta ao mundo".
Quase em simultâneo, o Ministério do Comércio chinês adicionou seis empresas americanas, incluindo a construtora naval militar Huntington Ingalls Industries, a uma lista de controlo de exportações, proibindo-as de adquirir bens chineses de uso duplo.
A medida surge dias após uma conversa telefónica entre Xi e Trump e durante a primeira visita de congressistas dos EUA à China desde 2019.
Em paralelo, o primeiro-ministro Li Qiang, num encontro com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou à UE para que evite a "politização económica", enquanto Pequim anunciou que irá abdicar do seu estatuto de país em desenvolvimento na Organização Mundial do Comércio, uma exigência antiga dos EUA.
Em resumoA China utiliza a arena internacional para se posicionar como um ator responsável no combate às alterações climáticas, em oposição aos EUA, enquanto, simultaneamente, responde com sanções a empresas americanas, demonstrando a sua capacidade de retaliar em disputas geopolíticas. Esta dupla abordagem reflete a estratégia de Pequim de aumentar a sua influência global, combinando cooperação em áreas de interesse comum com uma defesa assertiva dos seus interesses nacionais.