A administração norte-americana apresentou um ambicioso plano de 20 pontos para um cessar-fogo em Gaza, que, apesar de acolhido com cautela pela comunidade internacional, enfrenta a desconfiança do Hamas e ambiguidades por parte de Israel. A proposta surge como uma tentativa de Washington para mediar o fim de um conflito que, segundo as autoridades de saúde do enclave, já causou quase 66.000 mortos. O plano, anunciado pelo Presidente Donald Trump ao lado do primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu, prevê um cessar-fogo imediato, a libertação de todos os reféns detidos pelo Hamas no prazo de 72 horas, o desarmamento completo do movimento e uma retirada gradual das forças israelitas. Contempla ainda a criação de um “Conselho da Paz” temporário, presidido por Trump e com a participação de figuras como o antigo primeiro-ministro britânico Tony Blair, para supervisionar a transição. A proposta foi acompanhada por um ultimato de Trump, que deu ao Hamas “três ou quatro dias” para responder ou “pagar no inferno”.
A reação do Hamas tem sido dividida.
Fontes palestinianas indicaram que o movimento está “inclinado a aceitar” o plano, mas exige alterações a “cláusulas sobre desarmamento e expulsões” de dirigentes, além de “garantias internacionais para uma retirada israelita completa”. Contudo, outras fontes afirmam que o grupo deverá rejeitar a proposta por servir “apenas os interesses de Israel”.
A comunidade internacional reagiu maioritariamente de forma positiva.
O Papa Leão XIV considerou-a uma “proposta realista”, e líderes da União Europeia, da Rússia e de países árabes, como a Arábia Saudita e a Turquia, saudaram a iniciativa.
No entanto, o próprio Netanyahu, horas após o anúncio, declarou que “resistiria” à perspetiva de um Estado palestiniano, um ponto que o plano abre como “possibilidade”, gerando dúvidas sobre o seu compromisso com a totalidade do acordo.
Em resumoO plano de paz dos EUA para Gaza, embora apoiado internacionalmente, enfrenta obstáculos significativos. A sua viabilidade depende da aceitação por um Hamas internamente dividido, que exige alterações cruciais, e da clarificação das intenções de Israel, cujo líder já contradisse pontos-chave como a criação de um Estado palestiniano, mantendo a resolução do conflito num impasse.