O cessar-fogo em vigor em Gaza desde 10 de outubro permanece frágil, com a semana a ser marcada pela complexa e macabra troca dos restos mortais de reféns israelitas e prisioneiros palestinianos. Simultaneamente, surgiram graves denúncias de abusos em prisões israelitas, culminando na demissão de uma alta procuradora militar, o que expõe as profundas tensões subjacentes à trégua.No âmbito do acordo, o Hamas entregou à Cruz Vermelha os corpos de dois reféns israelitas, Amiram Cooper, de 85 anos, e Saher Baruch, de 25, ambos capturados a 7 de outubro de 2023. Em troca, Israel devolveu os corpos de 30 prisioneiros palestinianos. Esta troca eleva para 15 o número de corpos de reféns israelitas recuperados, enquanto 225 corpos de palestinianos foram entregues. O processo tem sido marcado por desconfiança, com Israel a acusar o Hamas de orquestrar a descoberta dos corpos e de ter entregado, num incidente anterior, restos mortais que não correspondiam a nenhum refém. Estas acusações foram usadas por Telavive para justificar uma nova vaga de bombardeamentos que, segundo fontes palestinianas, vitimaram 110 pessoas.A situação humanitária continua crítica, embora a ONU reporte a entrada de mais de 24 mil toneladas de ajuda desde o início da trégua.
Organizações como a Cruz Vermelha denunciam a violência contínua contra trabalhadores humanitários.
Aumentando a tensão, um vídeo divulgado em 2024, que mostra a violação de um detido palestiniano na prisão de Sde Teiman, levou à demissão da major-general Yifat Tomer-Yerushalmi, procuradora-geral militar. O ministro da Defesa israelita, Israel Katz, prometeu que “se faça justiça com todos os que participaram na difamação de sangue contra os soldados”.
Organizações de direitos humanos, como a Amnistia Internacional, têm documentado a prática sistemática de tortura e agressões sexuais nesta prisão, agravando as acusações de crimes de guerra.
Em resumoA troca de corpos entre Israel e o Hamas evidencia a natureza sombria da trégua em Gaza, que é minada por acusações mútuas e violência esporádica. As graves denúncias de abusos em prisões israelitas e a crise humanitária persistente demonstram que, apesar do cessar-fogo, as feridas do conflito estão longe de sarar e a paz duradoura permanece uma miragem.