A cimeira de líderes que antecede a 30.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP30) iniciou-se em Belém, no Brasil, num contexto de urgência climática, com 2025 a caminho de ser um dos anos mais quentes de sempre. O evento, que reúne dezenas de chefes de Estado e de Governo, é marcado pelo dilema do país anfitrião entre a liderança ambiental e a exploração de petróleo na Amazónia. A Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertou que a temperatura média global entre janeiro e agosto de 2025 foi de 1,42 graus Celsius acima da média pré-industrial, aproximando-se perigosamente do limite de 1,5°C estabelecido no Acordo de Paris. A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, afirmou que, com o aumento das concentrações de gases de efeito estufa, "será praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5°C nos próximos anos".
Líderes europeus como António Costa, presidente do Conselho Europeu, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, expressaram esperança no sucesso de um "encontro crucial".
No entanto, a conferência enfrenta o desafio do negacionismo climático e da guerra na Ucrânia, que desviaram as prioridades de muitos países.
O Brasil, anfitrião do evento, enfrenta um dilema interno.
Enquanto o Presidente Lula da Silva pretende apresentar o país como um líder na agenda climática, graças ao combate à desflorestação, a sua administração autorizou a prospeção de petróleo perto da foz do Amazonas, uma decisão criticada por organizações não-governamentais. Lula da Silva recusou assumir o papel de "líder ambiental", afirmando que seria "incoerente" impedir a exploração petrolífera.
Em paralelo, líderes indígenas exigem respeito, reconhecimento territorial e "participação real" nas decisões da COP30, alertando que "não se pode falar de soluções sem partir do respeito à diversidade indígena".
Em resumoA COP30 no Brasil começou com alertas urgentes sobre o aquecimento global, com 2025 a ser um dos anos mais quentes registados. Líderes europeus apelam ao sucesso da cimeira, mas o evento é ensombrado pelo dilema do Brasil entre a exploração de petróleo na Amazónia e a sua ambição de liderança climática. As comunidades indígenas exigem uma voz ativa nas decisões, sublinhando que a proteção dos seus territórios é fundamental para combater a crise climática.